Chamem-me antiquado. Chamem-me conservador! Mas eu sou daqueles que acredita que há coisas que devem ser feitas nos seus devidos locais. No entanto, sou também suficientemente sensível para aceitar algumas excepções, acreditando que os ambientes somos nós que os criamos.
Ora, isto vem a propósito da comemoração do Dia Mundial do Idoso levada a cabo pela Câmara de Braga no último fim-de-semana. A autarquia decidiu levar cerca de três mil idosos até à Quinta da Malafaia, dando-lhes um dia diferente, cheio de animação, para o tornar inesquecível para muitos.
Para esta iniciativa houve a grande preocupação em dar prioridade aos idosos que se encontram institucionalizados nos diversos centros sociais do concelho, o que a meu ver, é de louvar.
Os responsáveis elaboraram, então, um programa para agradar a estas pessoas, tendo incluído nas comemorações a celebração da Eucaristia. E, com tantos santuários existentes na nossa arquidiocese, a organização decidiu que a missa fosse celebrada na Quinta da Malafaia. Ou seja, num palanque, bem no centro da sala de refeições, com pessoas à frente e atrás do altar.
Eu não tenho nada contra o local, até porque já vi celebrações nos mais variados locais. A diferença é que, nesses locais, havia um ambiente próprio. Todos estavam imbuídos do mesmo espírito. Na Quinta da Malafaia eu não senti isso. Não senti isso da parte, por exemplo, dos vários trabalhadores que, cumprindo as suas funções, falavam alto, distribuíam a broa pelas mesas ou cozinhavam para que a comida estivesse pronta logo a seguir à missa. Não senti isso da parte de alguns idosos, que obrigados a ali estarem, estavam mais preocupados com o estômago do que com o espírito.
Não vejo a razão pela qual não se aproveitou esta ocasião para levar estas pessoas até ao Santuário do Sameiro. Aí, assistia à missa quem queria. Para além de que muitos, acredito eu, terão mais saudades de uma ida até àquele santuário Mariano do que ir até à Malafaia. E, não venham com o argumento da pouca mobilidade dos idosos, que tiveram forças suficientes para dançar, e muito bem, ao longo da tarde. Pronto, chamem-me antiquado, chamem-me conservador.