terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Eu também queria, mas…

Não sei se os leitores se recordam, mas no início deste mês de Dezembro as empresas públicas anunciaram que iriam antecipar ainda para este ano a distribuição de dividendos aos seus accionistas.
Na minha modesta opinião, esta é uma das decisões mais interessantes que eu vi tomar ao longo deste ano de 2010. Que me perdoe o Governo, mas nem os PEC conseguiram ser tão ousados e tão importantes quanto esta simples medida.
Colocada em prática, esta antecipação permitiu que os accionistas das empresas públicas encaixassem os seus dividendos limpinhos, uma vez que, a partir de 2011, eles vão começar a ser taxados.
Ora, para evitar tal descaramento e injustiça, os comunistas decidiram apresentar um projecto-lei para evitar esta antecipação, sob o argumento que, desta forma, se evitava ao Governo a perda de 250 milhões de euros.
Mas, ainda bem que a Assembleia da República tem homens de carácter e honestos como Francisco Assis que, de forma heróica, se impôs perante o seu Grupo Parlamentar e evitou a catástrofe.
Sim! Num tomar de posição nunca dantes visto, o presidente do Grupo Parlamentar do PS ameaçou demitir-se caso os deputados socialistas não votassem contra a iniciativa dos comunistas.
Imagino os accionistas das empresas públicas em suas casas preocupadíssimos a respirar de alívio com a atitude deste grande parlamentar.
Já agora, senhor deputado Francisco Assis posso pôr-lhe uma “cunha” para conseguir um favorzito seu? Sabe, o Governo determinou um conjunto de medidas que me vão penalizar o salário já a partir de 1 de Janeiro de 2011. Ora, tomando o exemplo dos accionistas, eu fui ter com o meu patrão e pedi-lhe se me podia antecipar ainda em 2010 todo o meu salário do próximo ano. Ele olhou para mim muito sério e disse-me que não. Assim, perante isto, peço-lhe, por favor, será possível dar-lhe uma palavrinha? É que eu também gostava de não ser muito prejudicado com as medidas de austeridade. Aguardo deferimento.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pisco-te o Olho - Braga








Um destes dias à noite, lembrei-me dos meus amigos... daqueles bracarenses que a vida mandou para longe e que não podem estar cá nesta época do ano. Fiz-me ao caminho e aqui está uma parte da minha noite. Espero que gostem... mesmo os que não são de cá.

Fotos: José Carlos Ferreira

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pisco-te o Olho - Braga





É engraçado verificar que no Salão Nobre da Câmara de Braga os grandes monumentos retratados são aqueles que foram demolidos. Tudo entre o século XVIII e o século XIX. Será que está na genética dos políticos bracarenses, este amor pelo património?

Fotos: José Carlos Ferreira

sábado, 11 de dezembro de 2010

Somos um “ganda” povo

Cada dia que passa, estou cada vez mais convencido que, nós portugueses, somos um povo sui generis e que, como nós não há igual. Na verdade, nós somos únicos. Quais nórdicos, quais americanos, quais asiáticos. Somos portugueses, e pronto. Nem sequer mediterrâneos, que ainda nos podiam confundir com os espanhóis, ou mesmo com os italianos.
No mundo somos conhecidos pelos “desenrascas”. Somos aqueles que conseguimos sempre resolver o problema da forma mais imaginativa e menos provável. Até conseguimos surpreender tantas vezes os nossos adversários estrangeiros com as artimanhas que arranjamos para conseguir colocar uma engenhoca a funcionar. Soluções que, em princípio, nem lembrariam ao diabo e que, por isso, não constam nos compêndios mais importantes das engenharias, da economia ou de qualquer outra área do saber.
Surpreende-me o facto de ainda só termos dois Prémio Nobel portugueses. Um em Medicina e outro da Literatura. Mas será que eles, lá em Estocolmo, já se deram ao trabalho de olhar para os génios que temos neste pequeno rectângulo à beira mar plantado?
Sinceramente, um povo que consegue gerar uma economia paralela que equivale já a um quarto da riqueza nacional, o que daria para 11 TGV’s, e que, em termos de corrupção, aponta logo o dedo aos políticos, considerando-os como aqueles que se deixam comprar com mais facilidade, merece um outro tipo de consideração e de atenção da comunidade académica.
Dizem os estudiosos portugueses que o fenómeno da economia paralela só poderá diminuir se houver um verdadeiro combate à fraude fiscal. A esses eu digo: Vá de retro Satanás! Na verdade, o povo, sem dinheiro, mas vaidoso, gosta de ter umas calças de marca reconhecida, uma camisa, um pólo de etiqueta, e de uns sapatos de boa qualidade.
Com os salários praticados em Portugal, isso é possível? Só para alguns. Para aqueles que usufruem de um salário que acumulam com uma pensão atribuída por qualquer cargo público que exerceram por alguns meses no passado recente.
Para os outros, qual a solução? É simples… que tal ir à feira comprar tudo por mais de metade do preço? A qualidade, é verdade, não é a mesma. Mas a etiqueta engana bem qualquer um… Viva a economia paralela.