quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

“Cadê” o bengaleiro?

Tive a honra de ter sido convidado pela ACOFA para fazer parte do júri da 8.ª Grande Noite do Fado de Braga, que decorreu no Theatro Circo na noite do último sábado do mês de Novembro.
A noite estava fria e chuvosa, pelo que, quando fui para o certame protegi-me tanto para o frio como para a chuva. Por isso, vesti o meu sobretudo e muni-me de um modesto e simples guarda-chuva que, apesar de ser modesto, tem um significado especial porque foi-me oferecido.
Quando cheguei ao Theatro Circo, fui gentilmente recebido à porta pelo senhor que estava a conferir os bilhetes, e logo fui muito educadamente informado que não podia entrar dentro da sala de espectáculos com o meu modesto guarda-chuva.
Ora, muito bem, pensei eu. Tem toda a razão. Afinal, foram gastos rios de dinheiro na recuperação desta grande sala de espectáculos e é necessário implementar todas as medidas que impeçam uma degradação dos materiais, evitando-se os erros do passado.
Assim, perante a observação do senhor que estava a verificar os ingressos, e que era funcionário do Theatro Circo, porque o seu elegante traje era como o algodão, não engana, perguntei o que parece óbvio numa situação destas: - Onde está, então, o bengaleiro onde possa deixar o meu modesto guarda-chuva e, já agora, o meu sobretudo?
A resposta que recebi é que não foi tão óbvia quanto esperava. O senhor funcionário, apontando para um canto do hall de entrada, disse simplesmente: -Deixe ali. Eu olhei e verifiquei que todos estavam a deixar os seus guarda-chuvas num canto. Tudo ao monte. Ora, mesmo não sendo eu um bruxo adivinho, não me foi muito difícil deduzir que, se eu deixasse ali o meu modesto guarda-chuva, havia fortes probabilidades de nunca mais o ver. Insistindo na pergunta pelo bengaleiro, disseram-me que não havia e tinha que ali deixar o guarda-chuva sob pena de não entrar na sala de espectáculos. Acabei por resolver o problema de uma outra forma.
Mas, já quando a cortina do palco estava quase a levantar, fiquei a pensar… será que o dinheiro que pagámos pelo Theatro Circo não incluiu um bengaleiro? E, se ele existe, “cadê” ele?

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