sexta-feira, 20 de maio de 2011

A tenda está montada!

Senhores e senhoras, meninos e meninas, estimado público, o espectáculo está quase a começar. Os artistas já praticamente acabaram o aquecimento e está tudo pronto para a grande festa se inicar.
É isso mesmo. Neste pequeno rectângulo à beira-mar plantado, a tenda de circo já está montada e os artistas já se perfilam para actuar perante um público sedento de brindes.
A grande parte das pessoas que se senta nas bancadas pensa que não paga bilhete para ver este espectáculo. Pensa, mas não é bem assim. Sem que ninguém desconfiasse, a verdade é que lhes foram aos bolsos porque, tal como não há jantares grátis, também não há espectáculos de circo grátis.
E aquilo que as pessoas pensam que são generosas ofertas, tais como sacos, aventais, canetas e outras coisas do género, não são mais do que brindes que os artistas compraram com o dinheiro que eles foram buscar, não só a generosas e altruístas contribuições, como também aos bons contribuintes.
Mas, como dizia, os artistas deste circo estão prontos para avançar. Conhecem os números que vão desempenhar como a palma das suas mãos.
Uns são verdadeiros contorcionistas. Têm um jogo de cintura como nunca ninguém viu. Impressionam o público e arrancam alguns “ais” da plateia. Outros são domadores de leões. Pensam que tudo dominam. Não há assunto nem adversário que lhes meta medo. Há ainda neste circo os malabaristas. Estes também conseguem arrancar uns “ais”. Mas, melhor do que isso, conseguem mesmo convencer quem os está a ver com os argumentos mais absurdos. Depois, há os mágicos. Fazem desaparecer os momentos mais incómodos para o verdadeiro artista. Conseguem distrair e chamar a atenção para aquilo que eles querem que seja o grande momento.
E tal como nos grandes circos neste, à beira-mar plantado, também há palhaços. Distraem, fazem rir e levam às lágrimas quem os vê. Ninguém os leva a sério e todos acreditam que eles estão ali só para entreter. Conseguem arrancar aplausos, mas nunca conseguirão alcançar o limbo.
Neste circo, cuja tenda já está montada, os artistas têm uma grande virtude. Sabem exactamente pautar a sua actuação ao ritmo das palmas. No fundo, não lhes interessa a felicidade do público, mas sim a sua própria felicidade, conseguindo um emprego estável para os próximos quatro anos. Para uns será mesmo a última etapa antes de uma merecida e farta reforma antes dos 40 anos de idade. Para outros...