O povo costuma ter quase sempre razão e os seus ditos populares são tidos pela generalidade das pessoas como certeiros e muito sábios.
No entanto, permitam-me que discorde com o povo quando ele diz que “no meio está a virtude”. Em muitas situações até pode ser verdade, mas se olharmos para as nossas auto-estradas descobrimos que isso é uma grande mentira e até dá direito a multa.
Segundo o Código da Estrada, o condutor deve circular sempre o mais à direita possível. Contudo, muitos condutores, eu até diria uma grande maioria, insistem em dar razão ao que o povo diz. Se não, vejamos: imagine-se a conduzir numa “A” qualquer do país. A determinado momento do percurso, mais concretamente numa longa subida, a via passa a ter três vias. Se é um condutor frequente das nossas auto-estradas, aposto que a primeira imagem que lhe vem à cabeça neste momento é um carro a circular exactamente na via do meio.
Meus amigos, confesso-vos que não há nada que mais me irrite do que ver um condutor na via do meio sem nada que o justifique. Eu, que circulo o mais à direita possível, para ultrapassar nesta situação, sou obrigado a fazer uma autêntica gincana. E, depois de ultrapassar estes carros, ainda costumo fazer pisca para a direita, para onde me dirijo, com a esperança que esses condutores, atingidos por uma distracção qualquer, acordem e também comecem a conduzir o mais à direita possível, tal como o determina o Código da Estrada.
Mas não! Lá continuam eles na via do meio. Vão contentes, como se nós é que estivéssemos errados. Posso estar muito enganado, mas isto é uma questão de civismo. Aliás, se os condutores portugueses fossem cívicos, estou convencido que, pelo menos, metade dos acidentes que acontecem nas estradas portuguesas eram evitados. Acreditem, enquanto não houver civismo entre os condutores, a maioria vai continuar a acreditar que no meio está a virtude e que o vem escrito no Código da Estrada é secundário.
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