segunda-feira, 11 de abril de 2011

Não sei de hei-de rir ou chorar

Não sei de hei-de rir ou se hei-de chorar. Muito sinceramente, nem me apetece falar da situação económica do país. Mas não consigo evitar. Aliás, a ideia que eu tinha para este meu “Deste Lado” era muito diferente daquilo que estou a escrever e a pensar. Desta vez, não tenho motivos para ironias. Depois de Portugal ter pedido ajuda a Bruxelas na passada quarta-feira à noite, é inevitável que não se fala nas medidas gravosas que nos vão cair em cima.
O que eu temo é que continuem a ser sempre os mesmos a pagar. Que sejam aqueles que se levantam todos os dias às 7h00 para entrar às 8h00 ou às 9h00 e que, após uma pausa para almoço, trabalham até às 19h00 e só chegam a casa às 20h00, já a pensar no dia de amanhã.
Que sejam aqueles que, após uma vida inteira de trabalho duro, agora têm uma pensão de miséria que mal dá para comer. Que sejam aqueles que há bem pouco tempo perderam um emprego que era o garante do “pão nosso de cada dia”, de uma família inteira.
Enquanto isso, há gente que gasta à grande e à francesa. São aqueles para quem as medidas não aquecem nem arrefecem. Mais 1.500 euros, menos 1.500 euros ao fim do mês, pouco importa.
Para esses, a vida continua alegre e contente, sem problemas. Desde que dê para todos os vícios, está tudo bem… que venha esse FMI.
O problema são aqueles que já contam os tostões ao fim do mês. São aqueles que do pouco que recebem, ainda têm coragem para lhes ir mais ao bolso. Mas o pior disto tudo, são outros que já estão tão habituados a recorrer ao crédito, que vão continuar a enterrar-se iludidos que isto não passa de um mau momento. Continuam a endividar-se porque se deixam iludir pelo canto da sereia de algumas financeiras sem pudor. Contraiem empréstimos para pagar outros empréstimos.
Contudo, eu questiono-me se não serão esses os mais inteligentes num país, onde, por exemplo, os processos nos tribunais se arrastam anos e anos. Um país onde um devedor arrisca-se mesmo a morrer sem ter pago a dívida.
No fundo, não lhes podemos levar a mal. Partindo da máxima segundo a qual, o exemplo vem sempre de cima, esses apenas imitam um país que só tem sabido viver acima das suas posses, recorrendo ao crédito sabendo de antemão que não irá conseguir pagar.

Um comentário:

Maninha disse...

Eu estou mais para chorar...de raiva por tudo o que se continua a gastar para alimentar uma cambada de mamões.

Entretanto, mudei de casa. Se quiseres mudar o link, estou aqui: http://alegreoutriste.blogs.sapo.pt/

Bjos*