Nos dias de hoje, em Portugal, inauguração sem comezaina, não é uma verdadeira inauguração. Pode faltar até o padre para benzer as instalações, agora o que não pode falhar é a comidinha no final.
Não deixa de ser interessante que, mesmo em tempo de crise, quando se apela à contenção e ao aperto de cinto, na inauguração de uma qualquer salinha não pode deixar de haver, pelo menos, uns acepipes. Caso contrário, já não é uma verdadeira inauguração. Falta ali qualquer coisa.
Já estou a imaginar alguns dos que estão a ler estas linhas a pensar que eu estou errado porque, bem vistas as coisas, um lanchezito no final da inauguração de umas novas instalações até pode ser um acto de convívio para toda a população. É mentira! Se virem bem, são sempre os mesmos que lá vão comer. São aqueles que são da mesma cor política do presidente da Junta, ou amigos do presidente da IPSS que, por sinal, não fala com o presidente da Junta. Por outro lado, há ainda os profissionais das inaugurações que vão expressamente para a comezaina. Não falham uma. Estão na primeira linha. São os primeiros a ver o cortar da fita e depois são os primeiros a encostar a barriga à mesa. Controlam os melhores pratos e marcam aqueles que mais comem.
A verdade é que, mesmo em contenção, pode-se cortar em tudo, menos no lanche a seguir à inauguração… seria defraudar uma série de pessoas.
Hoje em dia, faz mais sentido arregaçar as mangas e começar logo a trabalhar. Deixem-se de inaugurações fúteis que só servem para gastar o pouco dinheiro que as instituições, sejam elas privadas ou públicas, têm. A preocupação maior logo a seguir à construção de um equipamento, deveria ser colocá-lo ao serviço sem folclores. Não será contraditório ir a uma inauguração, com a presença de um membro do Governo ou de um elemento de uma Câmara e ouvir-se o responsável dizer durante os discursos que precisa de ajuda porque não há dinheiro, e logo a seguir surgir uma mesa posta e farta, com tudo o que há de melhor?
Memórias da Festa
Há uma semana
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