Há dias ficámos todos a saber que o TGV, no trajecto entre Braga e Valença, vai levar à sua frente, sem dó nem piedade, uma série de construções. Segundo o Estudo de Impacte Ambiental das propostas para o traçado que se encontra em discussão pública, e que o Diário do Minho divulgou no passado dia 16 de Novembro, ao todo podem estar em causa 164 habitações e uma dúzia de pequenas empresas.
Contudo, sem menosprezar aqueles que estão em risco de ficar sem a casa que construíram sabe-se lá com que sacrifícios a troco do progresso e de indemnizações provavelmente mal pagas, o meu olhar pretende ser um pouco mais incisivo.
Ainda segundo o trabalho elaborado por Joaquim Fernandes, o Estudo de Impacte Ambiental identifica um conjunto de 14 impactes directos sobre o património monumental e cultural. Os casos mais preocupantes, acrescenta, são três sítios arqueológicos, dois conjuntos com interesse etnográfico e nove monumentos construídos, entre eles, igrejas, capelas e solares.
Outro caso que também se ficou a saber há umas semanas atrás diz respeito aos acessos ao novo hospital de Braga. Segundo consta, aquela estrada vai passar a rasar… pronto estou a exagerar,… vai passar muito perto das Sete Fontes.
Ora, perante estes exemplos não posso deixar de ampliar aqui uma frase que o meu amigo, e colega de trabalho, Francisco de Assis me disse numa conversa informal que tivemos. A bem do apregoado progresso, eles, leia-se monumentos, que se arredem. Estamos a falar de um património construído há séculos, que engloba testemunhos de um passado preservado até aos nossos dias e que um qualquer TGV pretende agora engolir em poucos dias.
Quem hoje apresenta uma mentalidade de tamanho facilitismo em relação ao património, ou seja, se incomoda, deite-se abaixo, é muito provável que daqui a alguns dias venha por aí fora defender a eutanásia. Mas, o que me preocupa mesmo é que, perante esta ideia do “eles que se arredem, ou então vão abaixo”, não haja reacções. As pessoas só irão despertar quando ouvirem o apito do TGV e constatarem que acordaram no meio da linha.
Memórias da Festa
Há uma semana
2 comentários:
infelizmente, a destruição do nosso património (histórico, natural, etc) não parece afligir quem nos governa. nos açores, daqui a dias não há verde, tal é a sede de construir, e vejo que pelos teus lados o problema é semelhante. escrever sobre isso é uma forma de manifestar o nosso desagrado, mas a verdade é que não se pode fazer muito para além de protestar.
Maninha, se todos se juntarem para dizer basta, acho que conseguiremos alguma coisa. Não nos podemos manifestar e içar bandeiras negras apenas no dia da inauguração. Aí será tarde. É preciso despertar consciências... Vejo que estão a assassinar a cor que dá nome à "nossa" ilha. Aqui, o Minho também é conhecido pelo verde e também o querem destruir. Um beijo grande e obrigado pelo teu comentário... é sempre bom ver-te aqui.
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