sábado, 6 de junho de 2009

O carteiro de Sócrates

No passado fim-de-semana, mais concretamente no sábado, Portugal assistiu a mais uma manifestação de professores em Lisboa. Desta vez, foram perto de 80 mil, garantem os sindicatos.
Antes de tecer qualquer consideração, gostaria de agradecer aqui publicamente ao Ministério da Educação, e muito especialmente à senhora ministra, por insistir nas suas políticas e não recuar nem um milímetro nas suas ideias. Sabe, é que num país que está concentrado numa campanha eleitoral, onde os candidatos estão mais interessados em lavar roupa suja do que discutir ideias sobre o que pretendem para o futuro da Europa, as notícias sobre as políticas educativas são uma lufada de ar fresco e dão outra animosidade e colorido na comunicação social.
Mas, voltando à manifestação, permitam-me os senhores professores que lhes diga que me parece que a vossa luta, tal como está a ser levada a cabo, já deu o que tinha a dar. Já pensaram que a senhora ministra não ficou minimamente incomodada com o facto de, por duas vezes, 120 mil professores terem estado na rua a solicitarem-lhe simpaticamente que se retire e se dedique a outra coisa na vida? Ou seja, manifestações de rua são como limpar o rabinho a bebés para Maria de Lurdes Rodrigues. Se bem que limpar o rabinho a bebés também tem a sua ciência.
Parece-me que os professores perderam, recentemente, uma oportunidade de ouro para fazer, pelo menos, a ministra parar e pensar. Acredito que “outro galo cantaria” se tivessem feito greve às provas de aferição dos 4.º e 6.º anos. São exames que não contam em termos de nota para os alunos, por isso, não fazê-los, não prejudicava ninguém. Iria, isso sim, ferir o orgulho de quem se quer vangloriar dos bons resultados previsíveis, de tão fáceis que eram as provas. Agora está prevista uma nova acção dos professores contra o modelo de gestão nas escolas. Vão enviar postais. Começo a pensar… coitado do carteiro de Sócrates.

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