Estamos a poucos dias de mais uma celebração do “25 de Abril”, uma data que não deve ser esquecida. Aliás, esta é uma data que deveria até ser incansavelmente explicada às novas gerações, sob pena de acontecer aquilo que se verifica com o “1.º de Dezembro”, em que muitos pensam que apenas se celebra o Dia Mundial Contra a Sida, esquecendo a Restauração da Independência, em 1640.
E, permitam-me que defenda que, hoje mais do que nunca, o “25 de Abril” faz um grande sentido. Na minha modesta opinião, e já tive a oportunidade de o dizer aqui uma vez, é urgente que Portugal, ou melhor, que o povo português, faça o “26 de Abril”.
Em primeiro lugar, é necessário que se faça no nosso país um “upload” de algumas ideias que fizeram a Revolução dos Cravos e que se perpetuaram no tempo, chegando até nós em discursos ultra-congelados que já não convencem, por tão ultrapassados e fora de prazo que estão.
Por outro lado, Portugal precisa de uma revolução política que refresque a maneira de estar no poder e na oposição. Para a credibilidade do poder político e de quem nos governa, por exemplo, os casos “Freeport” não podem acontecer sem rolar cabeças. É impossível, num país que se diz civilizado, que alguém acuse o Primeiro-ministro de ser corrupto e nada aconteça. Se isto tivesse ocorrido num outro país, estou convencidíssimo que o governante em causa se demitia. Aliás, se olharmos para a história recente de Portugal, ou seja para os últimos 35 anos democráticos, verificamos que há Governos que caíram por muito menos. E, não é preciso puxar muito pela memória para nos lembrarmos que um Presidente da República dissolveu a Assembleia da República por questões, a meu ver, menores que a da gravidade do “Freeport”.
Por isso, e provavelmente muito mais, não podemos ficar contentes apenas com o “25 de Abril”. É necessário fazer o “26 de Abril” com as novas gerações e mostrarmos ao mundo que vale realmente a pena viver em democracia.