terça-feira, 3 de março de 2009

A memória do povo é curta

Mais um congresso do Partido Socialista chegou ao fim e, tal como o último, este acabou sem grandes surpresas. Aliás, dos poucos motivos de interesse que esta reunião magna do PS suscitou foi saber se Manuel Alegre ia ou não estar presente. E não esteve.
De resto, tudo na mesma. No final ficámos a saber, em tom de propaganda eleitoral, algumas medidas que o secretário-geral pretende levar a cabo enquanto Primeiro-ministro. Ficámos também a saber pela voz de um grande militante que o pessoal do Bloco de Esquerda não é flor que se cheire. Enfim…
Contudo, houve um pequeno momento que deve merecer toda a nossa atenção. Refiro-me àquele pequeno, mas significativo, momento em que José Sócrates pediu uma nova maioria absoluta. Repare-se que não foi um pedido apenas virado para o interior do partido. A mensagem foi para todos nós.
No actual mandato, essa maioria foi um grande trunfo para o Primeiro-ministro tomar decisões, que não agradaram a uma maioria dos portugueses, e para enfrentar moções de censura, que acabaram por não fazer mossa.
Ora, desta forma percebe-se a razão pela qual José Sócrates não resistiu em pedir uma nova e confortável maioria absoluta. Assim, não custa quase nada governar. Não é preciso negociar com ninguém. A oposição pode berrar, gritar, espernear… pouco importa. Basta argumentar com aquela ideia básica que os erros do passado, que foi necessário corrigir agora foram cometidos pelos Governos de direita. Depois é só avançar.
Eu não sou bruxo, nem faço futurologia… Mas, ao bom estilo do professor Zandinga, (que a sua alma repouse em paz) até sou capaz de prever que os portugueses vão ser capazes de lhe dar essa tão desejada maioria.
Na rua, raramente ouvimos uma voz verdadeiramente contente com a actuação deste Governo. Agora, por exemplo, são os médicos que contestam a avaliação. No entanto, nas próximas eleições, talvez por falta de uma oposição credível, lá terá José Sócrates aquilo que mais deseja para impor democraticamente aquilo que a maioria contesta. Não haja dúvidas que a memória do povo é curta.

3 comentários:

Jorge Portugal disse...

Daquilo que li sobre o congresso, a posteriori, no Publico.pt destaco com agrado um episódio, quanto a mim, de relevo.
A par da confirmação da presença ou ausência de Manuel Alegre, o outro momento de destaque mediático, paralelo ao Congresso propriamente dito, foi a chegada de António José Seguro e as suas declarações. Foi dos poucos (não sei se o único) a não alinhar na lengalenga das campanhas negras.
É com satisfação, que vejo António José Seguro a reaparecer no panorama político do PS.
Fiquem atentos!

Andorinha disse...

Caro amigo, dispenso bem mais 4 anos de governação de Sócrates. No entanto confesso que não reconheço qq credibilidade, nem nele, nem no restante panorama politico português. Confesso tb que estou preocupada.

Maria Brandão disse...

os portugueses adoram políticos que se metem em "sarilhos", por isso, também não ficaria nada admirada se a maioria acontecesse!