É do conhecimento da maioria das pessoas que Júlio César, o grande imperador romano, terá dito no momento em que foi assassinado pelo próprio filho, apunhalado pelas costas, “até tu, Brutus?”. Embora haja historiadores que ultimamente tenham questionado a veracidade deste momento, a verdade é que ele tem sido passado de geração em geração como sendo as derradeiras palavras do grande construtor de Roma.
Na passada sexta-feira, uma expressão muito semelhante deve ter passado pela cabeça do nosso Primeiro-Ministro. Dizem os jornalistas que José Sócrates foi recebido em Ovar por um grupo de crianças que, em espécie de manifestação, reclamavam pelo seu Magalhães.
Dizem também as crónicas que o governante terá dito: «Os Magalhães lá virão. Então adeus jovens», enquanto as crianças gritavam «traga um Magalhães para a gente»; «queremos os nossos Magalhães» ou simplesmente «Magalhães, Magalhães».
Ora, eu pergunto: o que terá pensado o nosso Primeiro-Ministro perante mais este momento difícil da sua carreira política? Posso, eventualmente, avançar com duas hipóteses. Assim, logo à primeira, sem pensar muito, eu acho que ele deve ter pensado: “Já não bastava levar com os comunistas em todas as minhas deslocações, agora também tenho que levar com os filhos deles. Arre que isto já chateia. Deixa-me fazer um sorrisinho. Mas o que eles mereciam mesmo era um tabefe bem dado. Que pena serem menores…”
Mas, acreditando que o nosso governante até nem é assim tão… como direi, previsível, há ainda uma outra hipótese. Cá para mim, naquele momento ele terá simplesmente questionado: “até vós, criancinhas?”.
Sem realmente sabermos o que lhe terá passado pela cabeça, há, no entanto, uma pergunta, que a mim se tem colocado ultimamente. Eu até gostava de perceber como é que, com tanta contestação que tem passado pelas ruas, e com tantos portugueses a manifestarem-se contra as políticas do actual Executivo, as sondagens ainda dão o PS como o partido com maior intenção de votos?