domingo, 20 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Psiquiatra precisa-se

Segui com atenção a declaração do primeiro-ministro ao país na passada segunda-feira à noite. Para além de estar atento ao que foi dizendo, olhei-lhe nos olhos para tentar perceber o que lhe vai na alma.
E posso dizer vos que não gostei nada daquilo que vi. Ali, frente às câmaras estava um homem amargurado. Um homem que já não está ali pelo partido, mas por uma causa que todos afirmam estar perdida. Todos, menos ele. Sócrates ainda acredita, teimosamente, que isto vai endireitar-se com o nosso suor. Uns chamam a isso teimosia, outros orgulho. Tudo más línguas que o acusam de PECar desalmadamente como se não houvesse amanhã.
Na verdade, Sócrates deu-me a entender, com o seu olhar, que tudo isto o entristece. Todos, até alguns do seu partido, acreditando que a história se repete, insistem em estender-lhe a taça de cicuta, que ele se recusa a tomar. Contudo, o seu lema parece ser “Antes vitimizar-me que morrer em paz sujeito”.
Mas quem acredita que a solução está do outro lado, a esfregar as mãos de contente, à espera que o pano caia, desengane-se. Do outro lado, há um grupo que tenta empurrar um lagomorfo da família dos leporídeos para a ribalta. Mas esse, na verdade está com medo. Pensa no seu íntimo que só um verdadeiro louco é capaz de “pegar” num país como Portugal.
No fundo, todos sabem que este Portugal está à beira da bancarrota. Sócrates sabe-o muito bem, enquanto tenta convencer os outros do contrário. Vai para Bruxelas e, numa atitude que não é nova, grita alto e bom som que não precisamos de ajuda. Mas o olhar dele trai-o. As palavras saem-lhe da boca enquanto o espelho da alma vai reflectindo uma saturação e uma vontade de bater com a porta porque os portugueses duvidam e já não suportam tantos sacrifícios.
Na oposição, uns vão rezando para que tudo continue na mesma, acreditando que só um verdadeiro maluco seria capaz de se candidatar para governar na actual situação. Por isso vão lançando umas farpas para não dizerem que estão calados. Outros, ingénuos, ou talvez não, vociferam e, porque são pequeninos, saltam no meio dos outros para tentar dar nas vistas.
Penso que, neste momento, a grande pergunta que a todos se coloca é se este rectângulo à beira mar plantado tem futuro. Sinceramente, não sei. Mas não podemos augurar nada de bom a um país que escolheu um ditador como a grande figura da sua história e votou nos Homens da Luta para os representar no Festival da Eurovisão.