Esta não lembraria ao diabo. Ainda não acredito que a ministra da Educação tenha ponderado a possibilidade dos alunos nunca chumbarem de ano no seu percurso escolar.
Se me tivessem contado que isto estava a ser pensado num qualquer país do chamado terceiro mundo, eu não ficaria chocado. Mas não. Isto está a acontecer em Portugal. E se a imprensa não estiver a faltar à verdade ou simplesmente a inventar num momento em que as notícias são escassas, a ideia terá surgido da cabecinha da ministra da Educação.
À primeira vista, qualquer um consegue perceber que esta medida, acima de tudo, tem como principal objectivo poupar dinheiro ao Estado. Desde há muito tempo que ouvimos os vários detentores da pasta da Educação falar, e sobretudo lamentar, o acréscimo de custos que representa um repetente no orçamento do país. Ao fazer passar toda a gente, esse custo deixa de existir e passamos todos a ser mais felizes. Uns porque poupam, outros porque continuam a progredir nos estudos apesar de continuarem a ser burros.
Acreditem que isto me preocupa seriamente. Não consigo mesmo fazer qualquer tipo de piada sobre este assunto. Bom… talvez só uma pequenina… na verdade, estou já a imaginar daqui a pouco tempo uma mulher a dar à luz e o médico a dizer ao recém-nascido: “seja muito bem vindo a este mundo, senhor doutor, ou quiçá, senhor engenheiro!”.
No fundo, as políticas que estão a ser concretizadas no sector da Educação estão, no meu entender, a criar uma geração de novos analfabetos. Gente que, na teoria, conseguiu concretizar, pelo menos, o 12.º ano, mas que, na prática, não passa de iletrados. Pessoas bem piores que os nossos avós que apenas sabiam assinar o seu nome.
Qualquer um já entendeu que o Governo, em matéria de Educação, trabalha para as estatísticas. Que bom é dizer à Europa e ao mundo que Portugal já não está na cauda do analfabetismo. Que já não lidera a lista dos países com o maior número de trabalhadores sem qualificações. Que bom que é promoverem-se cerimónias de entregas de diplomas a milhares de pessoas que conseguiram manhosamente o 12.º ano. Apenas tenho pena daqueles que são verdadeiramente bons alunos, que terão de sair do país da mediocridade para verem reconhecidos os seus valores. Como dizia um grande amigo meu, “assim se faz Portugal”.
Memórias da Festa
Há uma semana