Uma das memórias que retenho dos meus tempos de escola foi o dia em que um professor me pôs na rua pelo facto de eu ter dado um beijo na face à minha colega de carteira. “Não admito essa falta de respeito”, disse ele com autoridade, mandando-me, de seguida, sair da sala, com falta. Nem sequer ousei protestar, pois sabia que qualquer coisa que eu dissesse podia levar o professor a agravar a sanção, ou seja, a dar-me a famosa “falta a vermelho”. Uma falta disciplinar que dava direito a uma comunicação para os pais.
Alguém acredita que isso seria possível hoje? Pois a resposta é claramente um não. Hoje, o professor já não tem autoridade na sala de aula. Em nome das famosas boas práticas pedagógicas, retirou-se a autoridade do professor, levando a que os alunos possam fazer o que lhes dá na real gana dentro da sala de aula. Os vídeos que vão sendo colocados na internet demonstram-no bem. Os alunos, que reclamam mais e melhores direitos no seu estatuto, esquecem-se que também têm deveres. Dá-lhes prazer e estatuto gozar com os professores e vangloriarem-se desses feitos. Aos docentes, por sua vez, nada mais lhes resta do que deixarem que os abusos ocorram. Pois, caso tenham a infelicidade de mandar um grito mais forte para se impor, ou então, colocar alguém de castigo, arriscam-se a que o aluno fique profundamente chateado e vá fazer queixinhas aos pais. Estes, por sua vez, também não gostam e depois vão manifestar-se às portas da escola exigindo a expulsão do professor, insultando-o do piorio, de preferência, com as televisões presentes.
É engraçado ver o Ministério da Educação a tentar resolver estes problemas. A solução mais comum é a criação de uma comissão. Depois, surgem umas directivas superficiais que, umas vezes atenuam os problemas, outras agravam-nas. Confesso que não sou nenhum especialista em pedagogia. Não domino as grande teorias sobre as técnicas pedagógicas a levar a cabo dentro de uma sala de aulas. Mas há uma coisa que eu vejo. O professor está sem autoridade. E todos gozam com ele. Que tal voltar a dar-lhe os instrumentos necessários que lhe permita impor o respeito, não só na sala de aulas, como em toda a escola? Parece simples e talvez assim se resolvam alguns problemas que se verificam hoje nos estabelecimentos de ensino… não sei,… digo eu.