Todos sabemos que o mundo passa por uma crise profunda que, por muito que nos queiram fazer crer que já se vê a luz ao fundo túnel, tarda mesmo em ser ultrapassada.
Dizem-nos que os sinais de retoma económica já se fazem sentir. Esses sinais são ténues, afirmam-nos os políticos, mas os mercados já começam a reagir positivamente.
Por outro lado, temos economistas, pensamos nós que mais cépticos, que nos vão avisando que a crise está ainda para durar e que 2010 será um ano em que as melhorias dos mercados não se vão notar. A esses, os políticos vão chamando profetas da desgraça, velhos do Restelo e outros nomes mais pomposos, na tentativa de nos mostrar que, afinal, a razão está do lado dos optimistas.
Mesmo fazendo discursos muito bonitos, alguns dos quais anunciam mesmo, com pompa e circunstância, que a crise já acabou e que a partir de agora é sempre a melhorar, a prática dos políticos acaba por nos mostrar que, provavelmente, os economistas é que estão certos.
Mais uma vez tem se ouvido falar em congelamento de salários para os funcionários públicos. De repente, surgem as ameaças que se Orçamento de Estado não for aprovado tal como o Governo o cozinhou, a situação vai ficar pior.
Estes são sinais aos quais os portugueses têm de estar atentos. São sinais que nos obrigam a pensar e a chegar à conclusão que, se calhar, a situação financeira não é aquela que nos querem levar a acreditar através dos discursos oficiais.
Eu sei que se pode gerar a confusão na cabeça de qualquer pessoa com as informações que vão sendo lançadas na opinião pública. Quando se atribuem dez milhões de euros a uma comissão para celebrar o centenário da República, pode-se ser levado a pensar que este é um país a nadar em dinheiro. E, reparem que dez milhões de euros é só para começar. Conhecendo eu este país, como conheço, no final vão fazer-se as contas e vão chegar à conclusão que houve uma derrapagem de mais uns milharzitos, que o Governo prontamente irá disponibilizar. Assim, até parece mesmo que a crise já acabou.