Os portugueses, tal como todos os cidadãos da União Europeia, estão a poucas semanas de ir às urnas para escolher os seus representantes no Parlamento Europeu.
As primeiras sondagens já foram divulgadas. Os números apurados, como é natural, deixaram uns com boas perspectivas e outros muito preocupados. A mim, o que me deixa um pouco perplexo é que, olhando para o histórico destas eleições é fácil verificar que os portugueses parecem demonstrar que estão pouco interessados no Parlamento Europeu. A abstenção é das maiores da Europa e, segundo alguns analistas, parece que é muito provável que no próximo dia 7 de Junho cerca de 70 por cento dos portugueses vão estar bem afastados das urnas.
Os políticos, a meu ver, também dão alguns sinais de que estão arredados da Europa. Na verdade, quando um candidato avisa que durante a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu vai aproveitar o momento para falar da conjuntura nacional e um dirigente de um outro partido diz que não se irá furtar à discussão, só podemos pensar numa coisa: vem aí um lavar de roupa suja nacional. Assim, os assuntos europeus vão ficar em segundo plano. Aposto que vamos ficar sem saber o que pensam os candidatos, se realmente pensam alguma coisa, sobre as políticas europeias. Ou então, sobre como irão eles desempenhar o seu mandato, quais os seus projectos e as “damas” que irão defender.
Aliás, eu acho que os portugueses também não querem saber muita coisa. Na verdade, desde que as verbas europeias cheguem a Portugal, o resto são cantigas. No ano passado estive em Bruxelas e contaram-me que Portugal nunca esteve presente numa exposição anual onde se pretende que cada país mostre os seus melhores projectos concretizados com verbas da União Europeia. Disseram-me que era estranho o facto de os portugueses não quererem mostrar a forma como utilizaram os dinheiros, demonstrando falta de orgulho nos seus projectos.
Perante tudo isto, é legítimo perguntar se neste cantinho à beira mar plantado, a duas longas horas de avião de Bruxelas, os portugueses serão verdadeiramente europeus?